segunda-feira, outubro 19, 2009

A chegada ao dormitório

Estávamos agora à porta da estação de comboios de Poznan, e na mesma situação que em Berlim: só sabiamos que tínhamos que ir para o dormitório. Não tínhamos morada, não sabiamos se era longe ou perto, resumindo, mais uma vez, não sabiamos nada. Eu e o Luís decidimos então ir falar com um motorista de um autocarro que estava por lá parado: - 'Hi, you speak english?'. A resposta foi simples, abanou com a cabeça a dizer que não. Mas como não viamos muito mais gente por ali, insistimos: - 'You know where is the dormitory of AWF?'. O homem todo atrapalhado arranjou um papelinho e escreveu o número '6'... e apontou para uma estrada que por ali passava. Bem, agradecemos a informação e voltámos para a beira dos outros. Continuávamos na mesma, aquele '6', podia ser muita coisa: 6 minutos, 6 km...! Pensámos então em ir falar com o taxista que tinha o maior carro que lá estava (para ver se dava para irmos todos juntos). À conversa com esse taxista, ele logo nos disse que tínhamos que ir em dois carros separados e, também, foi aí que percebemos que se falassemos em português alguns percebiam melhor do que se fosse em inglês. Entretanto chegou outro taxi para nos levar, e os dois taxistas lá conversaram para ver se sabiam para onde queriamos ir. Fui eu, o Smile e o Ruben num, a Nicollini e o Luís no outro. O que é certo é que desde logo reparámos que o trânsito era do género: 'salve-se quem puder'.
Passado muito pouco tempo entrámos num tipo de urbanização com três grandes prédios. Era ali a nossa futura 'casa'. Mais uma vez, e como não podia deixar de ser, fomos 'chulados'. Num dos taxis cobraram 17 Zlotys (a moeda de cá - 1€ = 4zl) e no outro 25zl (só mais uma gorjeta). Mal receberam o dinheiro, arrancaram logo, e nós sem saber se realmente era ali que íamos ficar. Foi então que eu e o Ruben fomos até à recepção. A primeira imagem (mais uma vez) foi espectacular! Entramos e perguntei ao segurança: 'Sorry, you speak english?'. A única resposta que recebi foi uma risota de gozo. Limitei-me a olhar para o Ruben. Voltei a tentar: 'Is here the dormitory of AWF?'. Mais uma vez, o segurança olhou para mim, virou a cara e começou a falar com uma empregada que lá estava. O Ruben já sem paciência, abriu a porta e entrou para a residência, e aí o segurança veio logo aos berros atrás dele. Para nossa sorte, passou um estudante que falava polaco e inglês e pedimos-lhe ajuda. Ele lá explicou ao segurança a nossa situação. Tivemos que dar o nosso BI para ele confirmar e deu-nos logo as chaves. Fomos buscar as malas, e começámos a subir. Eu e o Smile tínhamos a chave do quarto nº 610, o Luís e o Ruben o nº 711 e a Nicollini o nº 804. O Luís e o Ruben foram os primeiros a subir. Pelos vistos assustaram-se mal saíram do elevador. Aquele corredor assemelhava-se um pouco ao de uma prisão. A única porta aberta, era a do quarto deles. Quando eles vão a entrar, aquela porta era só o primeiro acesso ao quarto, porque a cada dois quartos, havia uma porta que dava para o corredor e uma casa de banho. Para melhorar a situação, à primeira vista, tinham uns óptimos vizinhos: dois turcos (um deles cheio de tatuagens), a beber vodka, música aos altos berros e muito fumo. Quando entraram no quarto ainda pior ficaram. O quarto estava todo sujo, cheio de pó, tinha duas camas partidas, estava que era um nojo. O quarto era para três e ja lá estava um português. Ele ao ver que tinha chegado gente ao quarto foi logo falar com eles, porque ele estava numa porta ao lado com outros 5 portugueses. A primeira coisa que ele fez foi dizer que os turcos eram o piorio. Pousaram as malas e foram para o meu quarto. Assim como o Ruben e o Luis, eu e o Smile não tivemos grande impressão do corredor. Vamos então a entrar no nosso quarto e apareceram duas espanholas e dois espanhois a apresentarem-se e a perguntar se queríamos ir para a noite com eles (o mais esquisito disto tudo, é o facto de eles falarem para nós em espanhol e nós entendemos perfeitamente, mas nós para eles, temos que falar em inglês). Também nos apresentámos e seguimos para o nosso quarto. Bem, a mim, só me deu vontade de ir apanhar outra vez o taxi para trás. O quarto era minúsculo e não tinha grandes condições (logo reparámos que não usavam estores aqui)! Pouco ou nada dissemos, só olhávamos! Entretanto o Ruben e o Luis chegaram, e via-se que aquele sorriso que todos trazíamos já não existia. A Nicollini também foi ao quarto dela pousar as malas (partilhava o quarto com uma francesa). Nem sítio tinha para pôr nada, a francesa tinha feito questão de ocupar tudo. Desceu para o nosso quarto também. Já estávamos todos reunidos no 610 e já só pensávamos em ir procurar uma casa para irmos morar (e ainda nem 5 minutos tínhamos lá estado). O quarto estava assim:



Não ia adiantar muito ficar por ali, decidimos então ir comer. Os portugueses lá nos indicaram um bom sítio para ir comer àquelas horas e lá fomos nós. Chegámos lá e o menu parecia chinês, as únicas palavras que ainda se percebiam era 'hamburguer' e 'hot-dog'. Cada um comeu o seu hamburguer e fomos à descoberta da universidade (quase às 22h da noite). Imaginem o que aconteceu ao fim de quase 30 minutos a andar? Estávamos perdidos e nem rasto da universidade. Foi então que decidimos voltar para o dormitório. Continuávamos à toa, sem saber para onde ir. Passado algum tempo e depois de entrarmos em tudo que era ruelas, encontrámos a residência. Subimos para os quartos todos juntos e decidimos que ficavamos eu, o Smile e o Ruben no nosso (610) e o Luis e a Nicollini iam para o quarto ao lado dos turcos (711), porque entretanto o outro português que lá estava já tinha tirado delá uma das camas e tinha ido para um dos quartos dos outros portugueses. Juntámos as duas camas no nosso quarto e dormimos os três no 610.
Ao outro dia acordámos e era este o cenário:



Nós conseguimos ter uma noite tranquila, enquanto que o Luis e a Nicollini tiveram que levar com os gritos de alguém que estave durante a noite no quarto dos turcos (ahah).

Sem comentários:

Enviar um comentário